Programa Pacto Pela Juventude forma 235 jovens de comunidades – Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro

Programa é focado na formação de jovens líderes que promovem mudanças e impactam as favelas onde moram – Prefeitura do Rio

Desenvolver um site com oferta de oportunidades para serviços dentro da própria comunidade, instalar mosquiteiros sustentáveis em pontos de ônibus, reunir moradores para a prática de atividades físicas ou ainda organizar uma semana de conscientização cultural. Esses são apenas alguns dos projetos desenvolvidos pelos 235 jovens cariocas moradores de favelas do Rio de Janeiro que se formaram no projeto Pacto Pela Juventude. A cerimônia de entrega de certificados aconteceu nesta quarta-feira (27/9), no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet/RJ), no Maracanã. Ao longo de sete meses, a Secretaria Especial da Juventude Carioca (JUVRio), em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), ofereceu qualificação especial, com auxílio financeiro de R$ 500, focada na formação de jovens líderes que promovem mudanças e impactam as favelas onde moram. O Pacto Pela Juventude é uma política pública reconhecida internacionalmente que já beneficiou mais de 700 jovens cariocas de favelas como Rocinha, Cidade de Deus, Vidigal, Complexo do Alemão, Maré, Jacarezinho, São Carlos e muitas outras.

– Os jovens somam um quarto da população carioca e convivemos com os piores indicadores de juventude. Envelhecer sem nenhuma qualificação profissional gera violência, fome e necessidade. As empresas não querem investir onde não há mão de obra qualificada. Se queremos construir políticas de juventude de verdade, temos que fazer isso juntos com os jovens. Esse é o início de um ciclo. A JUVRio está aqui para facilitar a vida profissional por meio da qualificação e preparação para a vida. O Pacto Pela Juventude adotou esse nome porque quer defender os direitos dos jovens. Para isso, temos que envolver o poder público, a sociedade e as empresas em uma união para o desenvolvimento de uma juventude mais digna e com oportunidades para prosperar a cidade que sonhamos – disse o secretário da Juventude Carioca, Salvino Oliveira.

O Pacto Pela Juventude é um projeto desenvolvido em três diferentes etapas. Na primeira, são realizadas as oficinas formativas e ações de multiplicação de conhecimentos. Em seguida, os jovens vão a campo para conhecer a realidade das favelas onde moram para as pesquisas territoriais. Por último, o projeto final e o plano de trabalho são desenvolvidos pelos alunos, que pensam em estratégias práticas para amenizar ou solucionar problemas corriqueiros ou questões de cunho social relacionadas às trilhas formativas propostas.

Divididos pelas trilhas de conhecimento Cultura, Esporte, Sustentabilidade e Tecnologia, a turma que se formou é composta, prioritariamente, de jovens em situações de vulnerabilidade social e que possuem o desejo de impactar o local onde moram. As trilhas são oficinas no formato de aulas teóricas e práticas. Dentro do programa da trilha Sustentabilidade, por exemplo, uma das temáticas das oficinas é a alimentação saudável, orgânica e hortas comunitárias. Na de Cultura, os jovens buscam investigar e promover a valorização de aspectos artísticos e culturais das comunidades. Em Esporte, foi possível identificar como melhorar o acesso a equipamentos e diferentes modalidades, promovendo o incentivo à qualidade de vida e saúde. Já em Tecnologia, uma das propostas era pensar como utilizar as ferramentas digitais a favor das comunidades.

Mais de 20 mil jovens já foram impactados no Pacto Pela Juventude

Desde julho de 2022, quando foi lançado, o Pacto Pela Juventude já realizou 345 ações de multiplicação, resultando em mais de 20 mil jovens que foram impactados em toda a cidade, levando conhecimentos e práticas sustentáveis alinhadas com a Agenda 2030 da ONU para a juventude e seus pontos de contato, como família, vizinhos e amigos. Nos próximos meses, novos bolsistas poderão se candidatar às vagas.

O Pacto Pela Juventude se insere em uma realidade social de grandes desafios, conforme apresenta os dados de diagnósticos realizados por institutos de pesquisa e órgãos públicos. De acordo com o mais recente Boletim de Dados da JUVRio, a juventude carioca conta com mais de 1,5 milhão de jovens, sendo 32% desse público pessoas que não trabalham e nem estudam. A falta de acesso a oportunidades para o desenvolvimento dos indivíduos coloca em cheque o pleno desenvolvimento da cidade.

Projetos desenvolvidos vão de sites para ofertas de serviços nas comunidades a instalação de mosquiteiros sustentáveis

Um dos produtos finais dos jovens formados no Pacto Pela Juventude é a entrega de um projeto que beneficie sua comunidade, a partir de ferramentas de pesquisa e orientação dentro das trilhas do conhecimento. Além de impactar positivamente a vizinhança, essa ação conjunta tem a função de estabelecer uma rede do bem para a multiplicação de ideias e soluções viáveis dentro de múltiplas realidades. Com a conclusão dos projetos, também a JUVRio se torna uma das apoiadoras dos ex-alunos do Pacto Pela Juventude.

Na comunidade Mata Machado, no Alto da Boa Vista, uma turma do Pacto criou o projeto “É o fim da picada”. A proposta é instalar armadilhas para mosquitos nos pontos de ônibus da região, diminuindo a disseminação de doenças causadas por esses vetores. A ideia é utilizar mosquiteiros sustentáveis com garrafa pet, junto com moradores, que também buscarão fazer a manutenção das armadilhas. Lara da Silva, de 24 anos, moradora da comunidade, observou que, durante os verões, havia um aumento da presença de mosquitos.

– Com a pesquisa, percebemos que muitas pessoas evitavam sair de casa por conta da proliferação dos mosquitos. Então, pensamos em uma alternativa coletiva que vai beneficiar toda a comunidade. Além disso, mapeamos 50 famílias de baixa renda que terão acesso a repelentes para se proteger. O Pacto foi fundamental para mim, além da oferta do auxílio financeiro que me trouxe uma renda em um momento de aperto – explicou a formanda.

Em Guaratiba, os jovens concluintes irão realizar as “Caravanas da Cultura”: uma semana de conscientização cultural, focada em temas como Raça, Esportes e Sustentabilidade, identificados como os mais problemáticos da região a partir das pesquisas realizadas. A proposta contemplará a formação de um Clube de Jovens, com oficinas, rodas de conversa, cinedebate, torneio desportivo e sarau.

No núcleo de Tomás Coelho, os jovens que participaram da trilha de Tecnologia irão desenvolver um site com oferta de oportunidades para serviços dentro da própria comunidade. O portal “Favela Jobs” terá aulas gravadas com parceiros locais para garantir mais educação e formação para os moradores com baixa escolaridade e que buscam uma renda extra. Nicolas Alves de Olegário, morador do bairro, de 19 anos, entrou no Pacto Pela Juventude porque sempre quis fazer algo pelos moradores de Tomás Coelho que têm baixa escolaridade.

– A pesquisa nos mostrou que a falta de emprego era uma preocupação da maioria dos entrevistados e pensamos em uma iniciativa que possa beneficiar empreendedores e moradores. Participar desse projeto ajudou a melhorar a minha comunicação e a despertar um espírito de liderança para lidar com pessoas e problemas do meu dia a dia – disse Nicolas.

Já o projeto “Treino Solidário”, dos formandos de Vargem Pequena, deve beneficiar moradores que não possuem acesso a equipamentos públicos de esporte. Por meio de parcerias territoriais, com organizações, professores e feirantes, os jovens irão reunir moradores para a prática de atividades físicas e orientação sobre alimentação saudável.

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  • 27 de setembro de 2023
  • Marcações: comunidade favela jovem Pacto pela Juventude programa Qualificação

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